segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

[Ushuaia] Como chegar lá

Aire

Dado o tempo escasso que passarei na Argentina, optei por voar de Buenos Aires ao Ushuaia. Duas empresas fazem este trecho: a Lan (aquela simpática cia aérea chilena) e a Aerolineas Argentinas. 

Os preços são bem parecidos e salgados também. Em janeiro, o bilhete ida e volta saiu em minha pesquisa entre BRL1.300,00 e BRL1.600,00 (incluindo taxas). Porém, se considerarmos que a distância entre as cidades é de 3.000km, não achei o valores abusivos (salgado às vezes não é abusivo). 

Ambas as empresas oferecem voos partindo e chegando tanto do aeroporto de Ezeiza, que é mais afastado da cidade, quanto do Aeroparque, uma espécie de Congonhas portenho por causa de sua ótima localização. Os horários são diversificados também.  A Aerolineas possui seis vôos diários e a Lan, quatro. O tempo estimado da jornada é de 3 horitas.

Tierra

Caso você tenha disposição para encarar uma longa reta que liga BsAs ao Ushuaia, basta pegar a famosa Ruta 3. Autoestrada argentina. Li alguns relatos sobre a aventura e me deu até água na boca. O piso é bom e as paisagens são belas. Com uma boa energia dá para encarar cerca de 600km/dia. Pedreira, mas compensa.



Ruta 3: Dizem que é boa

Mar

E para os afortunados que têm mais tempo e disponibilidade, existe a possibilidade de zarpar de Buenos Aires e descer até o Ushuaia de navio. São quatro dias navegando com incrível visual e com preços para todos os gostos.

Eu gosto muito de navio, mas cruzeiro não é minha primeira opção e percebe-se que opção é o que não falta para chegar ao fim do Mundo.

sábado, 7 de dezembro de 2013

[Ushuaia] Porque o fim do mundo não é nenhum fim do mundo

A viagem ao Atacama e ao Salar de Uyuni mexeu muito comigo. Seja porque fui para lá recém separado, seja porque fiz amigos sensacionais ou seja porque é um lugar explêndido e visualmente muito impactante. O Atacama mudou meu jeito de viajar e também a maneira planejar minhas viagens. E uma dessas mudanças foi buscar mais lugares distantes, exóticos, interessantes e, principalmente, mais "sulamericanos". Voltei de lá  muito "sulamericanizado"e curioso em curtir o que nosso continente pode oferecer.

Em 2014 faço 40 anos e estou planejando uma festa"on the road" desde meados de 2013. A princípio iria para Santiago do Chile de carro, passando por Florianópolis, Porto Alegre, Punta del Este, Montevideo, Buenos Aires e Mendoza, antes de subir os Andes e fechar o passeio na capital chilena. E por que não funcionará? Porque resolvi sair de meu emprego atual e creio que até março muita água passará embaixo da ponte, por isso decidi aproveitar janeiro para celebrar. 

Pontinha de esperança ao sul do continente.

E assim o Ushuaia me pareceu uma escolha natural. Embora já tenha descido à Patagônia pelo lado chileno, como leitor dos livros de Amyr Klink sempre tive curiosidade de conhecer a região e o famoso Canal Beagle. Além do mais, a idéia do ponto extremo me agrada. O gosto pela fronteira, por aquela pontinha da terra mais distante e oculta me seduz.

Agora é organizar as coisas para partir. Essa é uma daquelas viagens que farei milhões de vezes em minha cabeça, antes e depois de colocar a mochila nas costas.

sexta-feira, 24 de maio de 2013

[Resenha Road Book] De carona com Buda mostra as nuances do Japão moderno

De carona com Buda - O Japão de Cabo a Cabo é um livro bastante curioso. Conta a interesante história do professor de ingles canadense Will Ferguson que leciona no Japão e resolve acompanhar a eclosão da primavera japonesa, com toda a sua beleza e peculiaridades de uma maneira pouco usual: cruzando o Japão de ponta  a ponta de carona. A trama do professor caroneiro desvenda aspectos comportamentais interessantes do Japão e suas peculiaridades são dissecadas de maneira leve, ácida e irônica pelo autor.

Pode-se dizer que é uma overdose de Japão nas 544 páginas do livro, porém temas sensíveis da cultura local são tratados de maneira bastante direta. Sem se perder em grandes tratados sociológicos, Will Ferguson extraí, a partir da fricção de suas inúmeras experiências da jornada, um caldo bastante interessante de como o japonês comporta-se ante aos estrangeiros (Gaijins), à natureza,  à possibilidade da morte ou ao risco iminente de um vulcão ativo varrer da face da Terra um povoado local. Em suma, de como a cultura oriental é, em essencia, muito mais complexa e madura para lidar com fenomenos extremos.

Outro ponto interessante no livro refere-se à autoimagem do japonês e a visão de sua terra. Orgulho e humildade misturam-se em uma amalgama complexa, onde preconceito e regionalismo também fazem parte do modelo mental local. O autor é competente em descrever estes traços através dos papos com pessoas que lhe deram carona ou em sua interação quase solitária com locais em albergues ou bares. Ou seja, suas fontes são as melhores possíveis.


Will Ferguson entende de Japão e de cerveja

Apesar de falar japonês, Will Ferguson em nenhum momento se sente em casa. Em nenhum momento deixa de ser Gaijin e em nenhum momento cede à cultura local. É uma briga de foice entre o "gringo" resistente e a fortíssima cultura japonesa. Um desafio para mochileiro nenhum botar defeito pois, conscientemente ou não, Will testa seus interlocutores obrigando-os a ir no limite em grande parte do viagem.

No entanto, o livro também tem seus deslizes. Linguagem coloquial que escorrega para a superficialidade seguramente é um deles. Além de momentos com um tom a mais de ironia em passagens do livro que deixam o leitor com o estomago embrulhado. Diríamos que piadas com um certo mal gosto também não agregam, contudo em média é uma leitura bem prazerosa. Para quem sonha em passeios extremos ou fazer aquelas famosas jornadas à terras com culturas diferentes e sem os insuportáveis "pacotes turísticos", é um prato cheiro. Recomendado.

De Carona com Buda é editado no Brasil
 pela Companhia das Letras

Ficha técnica:

De Carona com Buda o Japão de Cabo a Rabo
Autor: Will Ferguson
Editora: Companhia das Letras
Especificações: Brochura | 544 páginas



domingo, 19 de maio de 2013

Atacama clip: uma história que se encerra com a música que marcou a viagem.


Faz alguns meses que estou com fotos da viagem no computador e quem me acompanha no Facebook sabe que eu coloquei as mais interessantes por lá. Mas faltava um tempero, sabe? Então resolvi através de minha produtora, a BuenoPictures =P,  montar um vídeo com fotos e a música que marcaram a viagem. E a trilha sonora do clip tem uma história muito legal. 

Quando resolvi viajar estava recém separado e a viagem foi um momento de reciclar as idéias. Diria que foi uma decisão complexa, pois passar o Natal no deserto sem companhia seria bem extremo. Porém, tinha certeza que encontraria pessoas encantadoras na viagem. E foi uma dessas pessoas bacanas, o Diego Polanco, que um dia cantarejou no onibus o refrão da música "Un beso y una flor", de um cantor espanhol chamado Nino Bravo, e diz o seguinte:

"Al partir un beso y una flor. Un te quiero, una caricia y un adios. És ligero equipaje, para tan largo viaje..." Traduzindo: "Na despedida, um beijo e uma flor. Um te quero, um carinho e um adeus. É pouca bagagem para uma longa viagem...". Senti que tinha tudo a ver com aquele momento que foi, além de tudo, muito rico e profundo. Quando voltei ao Brasil baixei a canção em uma versão do Fito Páez e fiz a montagem com algumas fotos da viagem.

Bom, acho que o ciclo de posts do Atacama encerra-se agora com o fim de um ciclo da minha vida. Como eu aprendi na minha prática Budista, alegrias e tristezas são momentos naturais e inescapáveis da vida. O importante é olhar para frente com a cabeça erguida, de maneira serena e sábia. Como bem escreveu Epícuro, "os grandes navegadores devem sua fama às tormentas e tempestades".

Nos "falamos"durante os preparativos para a viagem dos meus 40 anos de idade. Essa promete!