domingo, 25 de novembro de 2012

Atacama: La equipaje

Saber em que terreno vou pisar será fundamental
Nada como um dia após o outro. Depois da insuportável Black Friday decidi por conta própria promover meu "Red Saturday" e resolver parte das minhas inseguranças com relação à viagem ao comprar roupas e alguns equipamentos.

Marinheiro de primeira viagem é uma tristeza em vários aspectos. Tenho estudado bastante sobre o clima e as condições da região do deserto do Atacama e tambem do Salar de Uyuni, mas não consegui fechar na minha cabeça que cenários climáticos encontrarei na viagem, principalmente no Uyuni. Por serem regiões desérticas as temperaturas ocilam brutalmente durante o dia e aqui vale aquela teoria que sempre caía nas provas de geografia. Muito frio à noite e muito calor durante o dia.

Na internet encontrei algumas informações acerca de San Pedro de Atacama. Fala-se em uma temperatura mínima de 16o  e máxima de 28o em dezembro. Eu achei razoável, embora não creia na mínima. Tenho um palpite de que vai ser menos. Além do mais hoje, durante minhas compras, descobri que tenho poucas roupas de calor para utilização no deserto, principalmente calças e bermudas. Já para o frio, bem...sigamos.

Para o Uyuni  as informações sobre temperaturas são desencontradas e as condições impostas pela região me obrigarão a um planejamento muito mais detalhado. Em conversa do Sandra Pereira, a Exploradora, ela comentou o seguinte: a região é extremamente seca pois além de deserto, o Salar é uma região que possui sal. Parece óbvio, não? E desta obviedade surge a necessidade de aquisição de toneladas de creme hidratante, pois o sal resseca a pele.

A altitude do lugar é de 3.600 metros, o que garante não só sonhos psicodélicos durante a noite (devido ao ar rarefeito), mas também muito muito frio também. No post do La Chica de Mochila é citado também a necessidade de trazer sacos de dormir, pois os cobertores dos hostels locais não dão conta do frio (sem falar da higiene, digamos, precária das hospedagens). A Sandra também citou a necessidade de casacos corta-vento, meias térmicas e luvas mais profissionais, além de ítens como papel higiênico, lenços umidecidos,e água, muita água. Li em algum blog (não me lembro qual) que o consumo pode chegar a impressionantes 5 litros por dia!!! Ou seja, se o slogan do Rock n Rio era "10 dias de som e paz" o meu será "3 dias de sal e desapego".

Preparar também é gastar
E para fazer compras nestas condições? Acho que é pior do que escalar o Everest, pois fiquei muito preocupado em adquirir produtos que eu pudesse utilizar novamente em um dia frio em São Paulo ou em uma viagem de inverno a Buenos Aires ou à Europa/EUA, por exemplo. Além disso, morro de medo de chegar ao local parecendo o "Dirceu Borboleta", ou um nerd total nos Andes. Sabe aquele cara que aparece no colégio "montado" pela mãe? Algo do gênero.
A síndrome de Dirceu Borboleta acomete marinheros de primeira viagem

E assim saí rumo à Decathlon (a loja mais zoneada da América Latina) com a seguinte lista compras para o "Red Saturday":

Calça profissa
Calça e camisa underware (aquelas para se usar por baixo das roupas regulares)
Casaco pesado
Cantil
Luvas profissas
Meias profissas
Saco de dormir

Embora bagunçada a Decathlon oferece bons preços, uma boa variedade e explicações mezzo aliche mezzo muzzarela sobre a finalidade dos produtos. Comprei quase tudo, exceto o saco de dormir (este sim seria jogar dinheiro pela janela) uma vez que eu não acampo e não curto muito a prática. Fiquei satisfeito com o set  de equipamentos. Se não utilizar na viagem terão uma longa vida útil em São Paulo. Creio que, o mais importante, não faltará para a viagem. Ou seja, congelado não morrerei. Total da brincadeira (a mulherada deve estar esperando esta parte): BRL620,00.

Mas e o saco de dormir, perguntam-me todos. Hoje, por uma felicíssima coincidencia, fui visitar dois amigos muito queridos que acabaram de ter um filho. Além da ótima conversa, eles gentilmente me ofereceram um saco de dormir e uma lanterna, uma vez que eles também são do ramo mochileiro-exploratório. Coincidência, sorte? Nada disso. É amizade, mesmo. :)

Enfim, agora resta fazer arremates. Roupas de calor definitivamente me preocupam, mas até o final da semana que vem fecho. Com relação a uma lista farmacêutica, precisarei estudar melhor o fenômeno da altitude e ver o que posso levar aqui de São Paulo e o que passo adquirir na região. Depois eu volto e conto tudo. 

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Atacama: La Preparación III

Natal.

Recebi da doce amiga Sandrinha Pereira alguns recibos de passeios que ela fez no Atacama. São informações preciosas e que me ajudarão a ter uma boa noção dos preços e, principalmente, dos passeios que pretendo fazer. E o gozado é que cada passeio tem lá sua magia, seu misticismo até.

Estrelas no Atacama: um novo começo.

Dentre os recibos envidados, me chamou a atenção o do Tour astronômico, promovido pela Space Star Tours. Por CLP 18.000,00 ou BRL77,50,  (preço nada astronômico) a agência organizadora promete transporte, acesso à telescópios, guias  em castelhano, inglês ou francês e o principal, uma taça de vinho para aquecer a noite fria. Dado que o cristianismo tem uma fortíssima relação com o céu e o nascimento de Jesus, com as estrelas, penso que talvez seja o local ideal para eu passar um Natal diferente por lá. Quem sabe seja o símbolo de um novo começo.

Mesmo sendo cético e ateu, creio muito na carga simbólica das coisas e momentos. Valorizo muito o que ela representa.Passei bons momentos em família ou em lugares especiais que tive a sorte de conhecer. Mas o Natal de 2012 promete surpresas inesquecíveis e esperiências a serem guardadas pelo resto da vida. Quem sabe?

Depois do Uyuni, Pacífico ou mais Deserto?  Eis a questão.

Como meus caros leitores já devem ter percebido, a montagem do meu roteiro é um assunto totalmente aberto a pitacos. Recebi algumas sugestões do que fazer após voltar da Bolívia. A primeira opção é explorar um pouco mais a região ao Atacama e fazer passeios fora o main stream (sugestão da Sandra Pereira). Já a segunda é visitar o velho e bom Oceano Pacífico e Viña del Mar (sugestão da Rosana Lisauskas) ou em Antofagasta (sugestão de Alexandre Bueno).

Minha preferência é dar um tempo do clima seco do Deserto e curtir uma praia, afinal de contas ninguém é de ferro. Meu coração está pendendo para Viña del Mar, mas lembrei-me que tenho uns vouchers da rede Accor (ah, o glamour de ser consultor) e notei que lá não existe nenhum hotel da Rede, no entanto em Antofagasta, há um. Ainda não me decidi ainda e, para ser franco, me decidirei no Chile. Gosto de ter uma reserva nas viagens para brincar com as possibilidades e deixar algumas coisas ao sabor do acaso. E este será um dos momentos em que farei isto. Além do mais, vou precisar mudar meus vôos de volta. E aí dá uma preguiça...

Creio a fase La Preparación está encerrada. Voltarei com meus medos e preparativos em breve. :)

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Atacama: La preparación II


A ordem é preencher os dias com cores, sensações e experiências.

Adquiridas as passagens, restava-me preencher os dias disponíveis com todas as cores e conteúdos possíveis. E aí,  no mergulho no universo do Atacama, encontrei pessoas e coisas maravilhosas.

Iniciei a busca por roteiros através da agência Cia Eco. A conheci quando, há alguns milênios atrás, pesquisei pacotes para a África. Gostei  muito do site e formatação dos pacotes e resolvi entrar lá para ver se eles tinham coisas interessantes para o Deserto. Pior que tinham. Dentre as várias alternativas, havia um pacote de oito dias no total, com quatro passeios de bicicleta inclusos, sendo um deles um downhill de quarenta quilômetros!!! Pensei, "opa!" e resolvi contactá-los.

Bike no Atacama: o que é simples também é bom.

O atendimento foi muito bom. Expliquei ao consultor que eu era apenas um rapaz latinoamericano  com perfil mochileiro e pedi um orçamento para dez dias e com os quatro passeios de bike inclusos. Ele anotou o pedido e me retornou dois dias depois com um retumbante pacote cujo custo era de USD 4.000,00. Li o email com um misto de incredulidade, medo e dor. Sabe assalto? Quando o suto é tão grande que a gente não reage? Então...Dado que a incredulidade falou mais alto, retornei o email perguntando se os preços estavam em Dólar ou Real. Vinte minutos depois recebi uma resposta lacônica: estão em Dólar mesmo.

No universo do viajante tem sempre alguém disposto a compartilhar suas experiências.
E foi aí que conheci o lado mochileiro das pessoas bacanas que habitam o planeta Terra e que, felizmente, tenho próximas. Postei alguma coisa no Facebook e em um papo com a incrível Rosana Lisauskas, ele me deu TODAS as dicas sobre o Atacama. Primeiro, achou que dez dias é muito em San Pedro de Atacama. Cinco dias são suficientes para curtir os lugares da região. Segundo, me recomendou visitar o Salar de Uyuni, na Bolívia. Comentou que para lá o lance é desapegar. É viagem de mochileiro profissional e cujo o sacrifício pessoal vale pela espetacular paisagem e pela aventura. Terceiro, me recomendou o Hostal Campo Base em San Pedro. Escrevi para os caras e fiz reservas. Quarto duplo com banheiro compartilhado USD 75,00. Achei justo o preço e curti muito a idéia de passar o Natal em um albergue. Depois dessas a elevei ao status AAA, Assessora para Assuntos Atacâmicos. 

Depois de fechar grande parte do meu roteiro, me coloquei a pesquisar sobre alternativas para a jornada até o Salar de Uyuni. Dei uma olhada em três  blogs muito bons: o cardinal Viaje na Viagem, o Rotas Capixabas e o La Chica de Mochila

Todos traziam dicas importantes sobre o Salar em relação às atrações, preços, caracteristicas e peculiaridades da viagem. Pacotes podem variar de USD 140,00 a USD 1.200,00, dependendo do nível de conforto desejado . E eu já fiu atrás de agências para resolver esta parada aqui mesmo no Brasil. quando....

 Salar de Uyuni: O homem é suas viagens.

Também postei no Facebook sobre o passeio e minha querida amiga  Sandra Pereira me informou docemente que é muuuito melhor fechar pacotes para o Uyuni em San Pedro de Atacama mesmo. Sairia (e sairá) muito mais barato.

Agora é preciso fechar o roteiro.
Enfim, as coisas estão azeitadas para oito dias de viagem. Restam dois. 
No próximo post falarei sobre a preparação para viagem e meus medos. Tem muita coisa pra ver antes de partir. :)

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Atacama: La Preparación I


No princípio, havia uma passagem aérea.
Pois bem, me divorciei há um mês e entre os passivos da relação havia uma passagem aérea São Paulo – Santiago – São Paulo comprada por minha ex-mulher para assistirmos as duas noites do Lollapalooza em Santiago, no mês de abril do ano que vem.

No entanto, embora o preço fosse de ocasião (aproximadamente R$500,00 por bilhete), o escopo e o objetivo da viagem não me agradavam muito. Primeiro porque ia ser uma correria desgraçada (3 dias em Santiago e das 72 horas gastaria 12 em aeroportos ou voando ) e segundo é que para festival de música eu vou protocolarmente. Já fui a shows muito bons, mas não sou nenhum groupie. Iria por ela e seria uma boa viagem, mas eu se tivesse opção faria diferente.

No meio, havia uma folga na empresa e alguém a fim de desbravar novas paisagens.
Neste ínterim, fui informado que a empresa onde eu trabalho irá dar folgas na semana de Natal ou Ano Novo para seus funcionários. Ou seja, havia uma passagem “mico” e 10 dias de folga a serem devidamente desfrutados. Parecia sopa no mel, não?

Então, peguei o número do E-ticket, arranquei com o Mini Panzer (meu carro) da garagem e fui até Congonhas trocar o bilhete. Saí de casa sem um destino em mente. Decidi pensar no caminho. Tinha como referência o Chile, que é um lugar bacana.  Já conheço Santiago desci até a Punta Arenas, na Patagônia, passeio que não repetiria. Sobrou o Norte. Humm, o Norte. Entonces...

Entonces me lembrei de um projeto que tinha detalhado um pouco mas nunca executado. Ir de  carro de São Paulo ao Atacama. Este projeto me remete à memórias antigas, do tempo de USP, quando uma colega do laboratório em que eu estagiava foi e voltou encantada. Ela contou que dormiu sob as estrelas e que o passeio era tão simples (ver paisagens) quanto estimulara seu autoconhecimento, além de ter um impacto visual absurdo.



O fato é que senti que era a hora de tirar mais este sonho do papel.

Entreguei no saguão de Congonhas com a cabeça feita e a aquela loja específica da Tam me traz ótimas recordações. “É para o Atacama que eu vou!”, repeti como um Mantra. Cheguei la e fui muito bem atendimento pelo agente, que me informou os preços, condições e melhores datas. Eu prefiro ser atendido pessoalmente ao invés de duelar com o site da Tam, que é, para ser educado, uma porcaria.

No fim...
Contratei um trecho São Paulo-Santiago-Calama ida e volta com um voo operado pela LAN. Nada contra. Voei com eles para a Patagônia. Frota jovem, a maioria é Airbus, como a Tam,  serviço de bordo e outras comodidades normais. É aquela típica Cia aérea em que as aeromoças são educadas, o avião levanta voo, chacoalha um pouco e depois de algumas horas, pousa. Ou seja,  não é a Alitália nem a Ibéria.

Apenas restaram algumas dúvidas quanto ao uso do Fidelidade Tam em voos LAN. Como trabalhei como consultor durante um ano fora de São Paulo, me tornei usuário frequente da Tam e obtive um cartão Fidelidade Vermelho. Para quem não sabe, além dos tags, o Fidelidade dá um bônus extra de milhas, vantagens no check-in e no desembarque da bagagem. Para mim, um check-in sem filas seria bacana e quanto às  outras coisas,  passariam totalmente batidas. Vaidade aeroportuária não é bem a minha praia.


Paguei no total R$1.400,00 pelos bilhetes. Não sei se é um bom preço. Não que eu rasgue dinheiro mas, para ser franco, nem me preocupei muito com isso. Para mim preço de passagem aérea parcela-se e ponto. Já está no orçamento mensal uma “cota” separada para este fim.

E assim começa mais uma jornada. Os próximos posts serão sobre as pesquisas e formatação do roteiro. :)