quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Atacama: Um segundo dia de primeira (parte II)

Depois de retornar do emocionalmente e introspectivo passeio à Pukara de Quitor, passei no Hostel, tomei um banho e baixei as fotos. Foi também o momento da rotineira ligação para casa de meus pais (hábito que preservo desde a primeira viagem que fiz sozinho, no ano de 95)e estudar um pouco o próximo passeio: Laguna Cejar. Estava bastante cético com relação a ele. A ideia era nadar em uma lagoa cuja concentração de sal só é menor do que a do Mar Morto. Ou seja, tostaria no sol, entraria na água e boiaria.

A excursão partiu às 16h – é sempre bom lembrar que 16h no Atacama equivale mais ao menos ao meio-dia em Mercúrio, ou seja, um calor descomunal. E fomos nós de micro-ônibus até o local. Cerca de meia hora de viagem, CLP 5.000,00 para entrada e tome filtro solar e goles de hectolitros de água.

O passeio superou as expectativas. De fato estava quente, de fato boia-se e pode-se dizer que é bem divertido. Uma praia pouco convencional, eu diria. Lá encontrei também um trio muito bacana de brasileiros (Bira, Bruna e Ayla) que vinham desde o Peru, passando pela Bolívia e encerrariam em San Pedro de Atacama sua viagem. Fotos, papos, algumas risadas e estava eu lá mais uma vez com ótimas companhias na viagem.

O ponto importante para quem tem interesse em ir é: nunca, em hipótese alguma, mergulhe. Primeiro que os olhos arderão horrores e segundo que os cabelos ficarão mais duros do que os do Gilberto Gil, com todo o respeito.

Saída da água vem o motorista do micro-ônibus portando garrafas de 5 litros de água doce com uma tampa estilo “chuveiro” (vários furinhos) e banha os membros da excursão. Eu diria que sai de 60 a 70 por cento do sal do corpo, mas o corpo ainda fica bem melacado.

O sertão virou mar: Vida mansa na Laguna Cejar


Pegamos o micro-ônibus e eu, a atenção em pessoa, imaginei que voltaríamos a San Pedro. Nada. Parada em dois poços de água doce com 33 metros de profundidade cada, oriundos de prospecção de petróleo mal sucedida em terras locais. Estilo Paulipetro. Procurava-se petróleo e encontrou-se um lençol freático. Resultado: água.

O pessoal pulou neles como seu fosse uma cachoeira mas eu fiquei com medo, dei uma bela pipocada e só observei a galera se divertir. Fiquei feliz e um pouco invejoso, mas meu perfil aventureiro dá mais saltos intelectuais que físicos. É sempre bom respeitar os próprios limites.

Expelliarmus: Draco Malfoy também pulou no poço 


Parte dois do passeio encerrada e seguimos para a lagoa Tebiquinche, cuja descrição física é: uma lagoa pequena, cujo solo é 100% sal e com um fio d’água de profundidade máxima aproximada é de uns 20 centímetros. A água não bate na bunda, mas no tornozelo mesmo. Um lugar com vista para as montanhas e o vulcão Lincancabur – o onipresente – e que propicia uma caminhada deliciosa. Passada cerca de 1 hora dentro d’água o sol começa a se pôr e aí meu amigo, só estando lá para ver. É alucinante ver a luz amarela do sol se decompor na lagoa e nas montanhas. Para mim, uma das cenas mais lindas que já vi na vida. Tirei fotos e acho que elas retratam fielmente o que a luz do sol faz nas montanhas.

United colors: Explosão de beleza no deserto


E assim terminei feliz um dos dias mais bacanas de minhas mochiladas pelo mundo. Teve exercício físico, cultura, aprendizado,introspecção, novas amizades e pôr do sol. Um dia para a minha história.

Um comentário:

Ayla disse...

PASSEIO LINDO DEMAIS. Principalmente o finalzinho. Quando você acha que o por do sol foi lindo, você se vira pra ir embora, e se depara com essa laguna colorida por mix espetacular de cores, exatamente como essa foto! Que tudo!